Por que Paulo não citou Jesus?


Os críticos da igreja levantam uma pergunta interessante sobre a credibilidade do apóstolo Paulo.

A dúvida soa mais ou menos assim: se Paulo representou Jesus como ele diz, porque raramente citou Jesus em suas cartas?

Se ainda não ouvimos qualquer pessoa apresentar este desafio antes, podemos nos surpreender por Paulo não ter sido o único que não citou Jesus quanto gostaríamos que tivesse citado.

Pedro, Tiago e João seguiram o mesmo exemplo. Eles passaram três anos com Jesus, no entanto as suas cartas quase não mencionam especificamente algo que ouviram seu Mestre dizer. Nenhum deles se referiu às famosas palavras de seu Mestre, sobre o reino de Deus, o filho pródigo, o bom samaritano, o pobre, o doente ou o oprimido.

Pelos padrões judaicos é incomum esta ausência de menção direta. Estudantes de rabinos eram conhecidos por memorizarem e citarem seus mestres.

Então por que as cartas dos discípulos de Jesus não dão mais atenção às Suas histórias e citações. Alguns críticos sugerem que Paulo não escreveu mais especificamente sobre Jesus por que ele veio mais tarde, e não conhecia o suficiente sobre o Rabino de Nazaré, para assim fazê-lo.

Mas se Paulo pudesse somente falar do seu encontro pessoal com o Cristo ressurreto na estrada de Damasco, esta mesma explicação não seria suficiente para o silêncio de Pedro, Tiago e João.

João, pelo contrário, teve contato pessoal com Jesus e ele o cita detalhadamente em seu evangelho, mas somente uma vez em suas três cartas (1 João 3:23).

Apesar de Paulo fazer o mesmo em suas cartas, sua credibilidade é questionada. Portanto, é importante compreender os papéis distintos dos evangelhos e das cartas do Novo Testamento.

Os evangelhos e as cartas têm objetivos diferentes. Os evangelhos registram o que Jesus disse e fez. As cartas de Paulo e dos apóstolos explicam o significado e implicações práticas sobre quem Jesus era e o que Ele fez por nós.

Os autores das cartas do Novo Testamento não escreveram no mesmo estilo rabínico. Nem fizeram compilações dos fatos históricos que encontramos nos evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Em vez disso, devido ao que tinham visto acontecer com Jesus, não se identificavam em suas cartas como discípulos de um rabino, mas como servos e apóstolos do Senhor ressurreto. Neste processo, suas cartas tornaram-se uma parte importante da Bíblia.

Se não percebermos a voz de Deus nas cartas do Novo Testamento, poderíamos cometer erros pensando que as palavras de Jesus têm maior peso do que as palavras de Moisés, Paulo ou dos apóstolos de Cristo. Por essa razão é tão importante lembrar que, o próprio Senhor prometeu que após o Seu retorno ao Seu Pai, Ele enviaria o Seu Espírito para ajudar Seus discípulos no testemunho do que tinham visto e ouvido (João 14:26; 15:26, 27). Esta certeza nos ajuda a compreender como podemos ouvir Paulo, enquanto ouvimos Moisés e Jesus.

Os autores das cartas do Novo Testamento escreveram pelo mesmo Espírito de Deus que inspirou Moisés e falou através de Jesus. Pela mesma inspiração divina que nos deu o Antigo Testamento e os Evangelhos, estes autores ajudaram seus leitores a compreender quem Jesus é e o que Ele tem feito por nós.

· Paulo escreveu 13 cartas sobre as implicações práticas em crermos que “Deus encarnado” comprou a salvação eterna para todos aqueles que creem em Jesus (1 Timóteo 3:16; 2 Timóteo 2:19).

· João escreveu sobre o amor que será evidenciado em nossas vidas quando verdadeiramente crermos que a “Palavra da Vida” nos amou o suficiente para morrer em nosso lugar (1 João 1:1-3; 2:1-2; 3:23).

· Pedro descreveu o que é necessário para os seguidores de Jesus praticarem sua fé no Messias, que nos dá a esperança viva de Sua ressurreição dos mortos (1 Pedro 1:3; 2 Pedro 1:5-7).

· Tiago viu Jesus como Rei e Senhor da glória (Tiago 2:1), que nos liberta da culpa (Tiago 1:25) para que nossas vidas possam estar cheias de e ação (Tiago 2:17-22).

· Ainda temos o autor da carta aos Hebreus. Ele conclama seus leitores a não perderem a esperança em Jesus como “aquele a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”, e quem, como “o resplendor da glória” e “a expressão exata do seu Ser” e Aquele que sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder”, “depois de ter feito a purificação dos pecados” e, “assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hebreus 1:1-3).

Transformados por sua fé em Cristo e inspirados pelo Espírito de Deus, estes autores escreveram cartas que são tão importantes para a igreja, como Moisés e os profetas foram para a nação de Israel.

As cartas de Paulo e dos apóstolos ressonam com o Espírito e propósitos de Jesus. Tudo que eles escreveram reflete o Espírito de Deus cujo poder e presença eram tão evidentes em Jesus.

Apesar de Paulo ter feito somente uma citação direta sobre Jesus (1 Coríntios 11:24-25), e apesar de João provavelmente ter repetido as palavras de Jesus somente uma vez em suas três cartas (1 João 3:23), tudo o que eles escreveram expressa as atitudes, a missão e os princípios do Filho de Deus.

Por exemplo, a maior credibilidade do apóstolo Paulo é devida à sua disposição em suportar repetidos encarceramentos, torturas, e o desprezo dos seus conterrâneos para cumprir o que fosse necessário para compartilhar nos sofrimentos e propósitos de Cristo (Colossenses 1:24).

Neste processo, Paulo e os outros autores das cartas do Novo Testamento foram capacitados pelo Espírito Santo para expressar, em suas próprias e inspiradas palavras, conselhos práticos necessários para o incipiente corpo internacional que agora conhecemos como igreja.

Sem estas cartas, a relevante e inspirada atuação de Moisés, Israel, Jesus e a igreja do Novo Testamento estaria incompleta.

Pai Celestial, por favor, ajuda-nos a ouvir a Tua voz, não somente em Moisés e em Teu Filho, mas em toda a Escritura que Tu inspiraste em nossas vidas.


Mart De Haan

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O nome "Bíblia" vem do grego "Biblos", nome da casca de um papiro do século XI a.C.. Os primeiros a usar a palavra "Bíblia" para designar as Escrituras Sagradas foram os discípulos do Cristo, no século II d.C.

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