Receber Jesus: Uma decisão ou um presente?

"Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus"(João 1.11-13).

Todos os homens que receberam Jesus se tornaram filhos de Deus. Receber pode significar aceitar, como um ato soberano do que recebe, ou ser beneficiado por uma ação soberana praticada por outra pessoa (ex: receber um presente). Mas o que é, de fato, receber a Jesus, o Salvador, nestes versículos? Jesus, o Verbo, veio para o que era seu, para as suas coisas criadas, para o mundo cheio de homens feitos por Ele para e Ele. Nada mais natural do que ser recebido por aquilo que é seu, mas este não foi o caso.

Quando João diz: “Veio para o que era seu”, ele se refere a toda criação; mas ao dizer “e os seus” refere-se a uma parte específica da sua criação: os homens. Os homens criados para governar a terra, Adão e seus descendentes, todos invariavelmente rejeitaram a Jesus. Ele não foi recebido pelos homens, não foi aplaudido ou comemorado; pelo contrário, foi rejeitado: “Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum” - Isaías 53.3.

Mas João insiste em dizer “Mas a todos quantos o receberam”, notadamente distinguindo uns homens de outros. Mas se Jesus foi rejeitado pelo mundo, nenhum homem seria capaz de recebê-lo, como um ato deliberado de aceitá-lo, como explicar isto? João nos socorre no transcorrer do texto quando diz: “deu-lhes o poder de serem feitos (melhor tradução) filhos de Deus”. Há quem diga aqui que o verbo na forma reflexiva “se tornarem (outra tradução)” implica em uma ação ou decisão do homem, como uma expressão da vontade ou do livre arbítrio de cada ser humano, mas João claramente discorda disto quando explica no versículo 13: “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. 

Logo, já não se trata do ato soberano de alguns homens em aceitar alguma coisa de Deus, mas do ato soberano de Deus em conceder alguma coisa a alguns homens. O versículo 13 fala sobre nascimento, tal como o Senhor explica a Nicodemos no capítulo três (João 3.3-9).  Ao conversar com o fariseu, o Senhor lhe diz que, para ver o Reino de Deus, era necessário ao homem nascer de novo. 

Nicodemos era mestre em Israel; não cuidemos que seu espanto sobre o nascer de novo se devesse a impossibilidade de um homem adulto vir a parar no ventre de uma mulher. Não, ele claramente percebe a impossibilidade de alguém nascer de novo, iniciar uma nova vida, com base em decisão pessoal. Ninguém nasceu por decisão pessoal! Ninguém nasce de novo por decisão pessoal! Jesus o socorre dizendo que esta decisão pertence ao Espírito Santo: “Quem não nascer da água e do Espírito”. 

Este novo nascimento não depende da vontade da carne e nem da vontade do homem, mas de Deus, como está escrito no final do versículo 13: “... não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Quando o crente recebe Jesus ele nasce de novo. Este é um único ato soberano do Espírito, quando concede vida nova ao homem caído, vida em Cristo (receber Jesus), para que possa a ver o Reino de Deus e voltar-se para este Reino. 

Os que receberam Jesus, não o receberam por uma decisão própria, uma capacidade de escolha, mas foram agraciados por uma decisão soberana de Deus.  O homem não pode escolher receber a Cristo porque "Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus” (Romanos 3.11).




Felipe de Alvarenga

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O nome "Bíblia" vem do grego "Biblos", nome da casca de um papiro do século XI a.C.. Os primeiros a usar a palavra "Bíblia" para designar as Escrituras Sagradas foram os discípulos do Cristo, no século II d.C.

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